Infinito Particular – Explorando Relações

“Quer entrar? Cuidado! Você pode entrar e nunca mais sair.” Esta porta, aparentemente simples, esconde um universo vasto e complexo. O íntimo particular é como uma floresta, densa e repleta de mistérios, onde a cada passo revelamos camadas profundas, tanto de coisas boas quanto ruins. Em sua essência, é um convite intrigante, mas que traz consigo o aviso de que a jornada pode transformar-se em uma experiência inescapável.

A vastidão desse mundo íntimo é comparável a uma floresta que oscila entre densidade e desolação. Às vezes, encontramos uma densidade impenetrável, onde os segredos estão hábil e diligentemente ocultos sob toneladas de areia, como se fossem tesouros escondidos. É nesse ambiente que a complexidade da alma se manifesta, revelando as dualidades que coexistem dentro de cada indivíduo.

A dinâmica das relações humanas é explorada na metáfora de descer aos infernos ou subir aos deuses. Cada encontro, seja com um amigo, companheiro ou amante, representa uma escolha que implica em desvendar as profundezas ou elevar-se às alturas emocionais. É um convite para a introspecção, uma jornada que muitas vezes é feita sem permissão, levando à descoberta de paixões intensas ou ao despertar do ódio mais profundo.

A invasão desse território íntimo, por vezes, resulta em caos. A alma e o espírito, sufocados e obscurecidos, tornam-se parte da lama negra que permeia a densa floresta. A violação dos limites pessoais pode deixar cicatrizes profundas, transformando o que era antes um lugar sagrado em um terreno de batalha tumultuado.

“Me dá sua mão, e não se perca ao entrar no meu Infinito Particular.” Essa súplica revela a vulnerabilidade inerente a compartilhar o espaço íntimo. O ato de dar a mão torna-se um gesto de confiança mútua, uma concessão para explorar juntos os recantos ocultos. É uma maneira de facilitar o percurso, uma escolha consciente de caminhar lado a lado, compartilhando descobertas e aventuras no mundo íntimo do outro. Ao dar a mão, cria-se uma rede de segurança emocional, um caminho onde os passos são dados com conhecimento mútuo, e o temor de encontrar fantasmas no fim do corredor é minimizado.

Assim, o convite para entrar nesse Infinito Particular não é apenas um desafio, mas uma oportunidade de conexão profunda e entendimento mútuo. É uma jornada que, quando feita com respeito e empatia, pode revelar as complexidades mais profundas da condição humana, transformando o desconhecido em uma fonte de compreensão e enriquecimento pessoal.

Dá-me a tua mão – Clarisse Lispector 

Dá-me a tua mão:

Vou agora te contar

como entrei no inexpressivo

que sempre foi a minha busca cega e secreta.

De como entrei

naquilo que existe entre o número um e o número dois,

de como vi a linha de mistério e fogo,

e que é linha sub-reptícia.

Entre duas notas de música existe uma nota,

entre dois fatos existe um fato,

entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam

existe um intervalo de espaço,

existe um sentir que é entre o sentir

– nos interstícios da matéria primordial

está a linha de mistério e fogo

que é a respiração do mundo,

e a respiração contínua do mundo

é aquilo que ouvimos

e chamamos de silêncio.

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